por Graziela Merlina*
Os ambientes estressantes, tóxicos e de extrema pressão tem contribuído com o adoecimento da humanidade. Quadros de depressão, stress, burnout, e muito mais.
Isso nos leva a pensar e falar cada vez mais sobre a humanização das empresas e das relações profissionais. O que traz à tona necessidades como ambientes mais colaborativos, criativos, conscientes das emoções, inconformados.
Soa como um bálsamo a tanto sofrimento e dor.
Ao mesmo tempo, surgem os excessos. É como se acreditássemos que a cura de um extremo, depende da necessidade de se construir um outro extremo até que o equilíbrio seja encontrado.
E que extremo é esse?
É quando, em nome da colaboração, dizemos “sim” para tudo e todos; em nome do “nós” desconsideramos o “eu”; em nome da criatividade perdemos a simplicidade; em nome da abundância nos desconectamos do valor de cada coisa.
E isso não quer dizer que colaboração, criatividade e abundância não sejam um caminho para as dores atuais. Serão sim um caminho de cura a partir do momento em que aprendermos a ser assim, e não apenas fazer assim.
Filosófico? Talvez.
Mas, te convido a pensarmos juntos.
Você já conviveu em algum projeto ou em algum relacionamento no qual você teve a sensação de estar entrando cada vez mais em um “Buraco Negro”?
Parece que até posso ver você balançando a cabeça afirmativamente agora.
Uso aqui a expressão “Buraco Negro” de forma figurada, me remetendo a tudo aquilo que te suga e elimina a sua luz.
Lembro de ter me reconhecido ao ler o seguinte parágrafo do livro de Shawn Achor, Grande Potencial:
“… Eu costumava aceitar todos os convites para dar palestras, ouvir todas as propostas de potenciais parcerias e participar de todas as pesquisas. Adorava tudo aquilo. De repente, cheguei a um ponto que parecia que tinha assumido tantos compromissos que não conseguia passar um dia sequer sem deixar muitas pessoas na mão. Ainda por cima, eu tendo a querer agradar a todos, então você pode imaginar como a situação era penosa para mim. Ao buscar atingir o Grande Potencial, precisamos restringir a nossa exposição à “sobrecarga colaborativa”, evitando tentar ser tudo para todos e procurando adotar uma abordagem estratégica para selecionar as pessoas com quem formamos conexões.”
Me peguei pensando: “Nossa. Parece que fui eu quem escreveu isso.”
Esse tal de “Buraco Negro” está dentro de mim mesma, cada vez que eu entro em uma espiral colaborativa sem questionar, sem equilibrar o dar e receber.”
Foi então, que criei para meu próprio alerta, o termo “mindful yes”. Criei um auto-compromisso onde cada “SIM” dito por mim, precisaria ser de um lugar pleno e congruente. Um lugar onde eu me sinta fazendo parte de uma constelação de estrelas que iluminam umas as outras. E foi assim que entendi o verdadeiro antídoto para a “sobrecarga colaborativa”. Termo que fui descobrir ter sido usado pela HBR, em um publicação de 2016, com a seguinte constatação:
“A distribuição de trabalho colaborativo costuma ser extremamente desequilibrada. Na maioria dos casos, 20% a 35% das colaborações que agregam valor vêm somente de 3% a 5% dos funcionários.”
O livro Grande Potencial contribuiu para que eu pudesse aprender a identificar os três tipos de influências positivas para o seu “Mindful Yes”. E aqui, compartilho com você:
Pilares: São aqueles que atuam como porto seguro em momentos difíceis. São aqueles com quem você pode contar sempre. Fontes de apoio incondicional.
Pontes: São os que te conectam com pessoas ou recursos que estão fora do seu acesso habitual. Tem conexões e recursos diferentes dos seus. E isso não tem nada a ver com o status das pessoas.
Extensores: São os que te forçam a sair da sua zona de conforto. São os que tem personalidade e conhecimento diferentes dos seus. Costumamos gostar de estar com iguais, mas o que nos beneficia a ir além é a diversidade.
Se você não encontra nenhuma dessas influências em uma conexão, terá grandes chances de se deparar com um “Buraco Negro”. E vale lembrar que o seu Grande Potencial é somado pelas influências positivas e subtraído pelas influências negativas.
Fica aqui uma reflexão: o quanto do seu potencial está sendo comprometido em nome de uma “sobrecarga colaborativa”?
Pra quem curte olhar de forma mais atenta pra si mesmo, segue aqui a indicação de um assessment. Clique e leia mais, você poderá encontrar boas dicas.
Gostou do texto? Ele é um de três artigos da trilogia que aborda vulnerabilidade, escolhas e confiança. Os próximos artigos desta série já estão disponíveis para leitura, basta clicar em uma das imagens abaixo:
Graziela Merlina*
Conselheira Capitalismo Consciente Brasil
Idealizadora do HUB Consultores Conscientes @CasaMerlina
Fundadora da ApoenaRH
Game Designer
Palestrante
Muito muito bom!! Como fez todo sentido para mim!! Obrigada por compartilhar!!