Por Renata Rivetti*
Todo mundo quer ser feliz e trabalhar em um ambiente feliz. Desde os filósofos gregos, a busca pela felicidade parece nosso grande objetivo de vida. Aristóteles em seu livro 'Ética a Nicômano’, falava que “a felicidade é o sentido e o propósito da vida, o único objetivo e a finalidade da existência humana.” Ou seja, quando buscamos uma relação, sucesso, prosperidade, conforto, poder, na verdade estamos sempre buscando a felicidade como fim.
Uma das questões mais relevantes do tema é se felicidade é uma vida com prazer, uma vida hedônica. E sim, uma parte da nossa felicidade vem dessa vida de uma busca pelos prazeres, afinal diversos estudos científicos comprovam que as experiências que nos trazem prazer, como passear, namorar, estar com amigos, meditar, rir produzem um efeito positivo em nosso cérebro, o que aumenta então nosso humor e nosso estado de bem-estar.
Porém, nossa sociedade focou nessa vida de prazeres e nunca foi tão infeliz. O fato é que os filósofos também já nos falavam que uma vida só de prazeres não nos traz felicidade duradoura. Aristóteles falava também do conceito de uma vida eudaimônica, uma vida com virtudes e autorrealização. Para ele precisamos encontrar equilíbrio e moderação, buscando os prazeres do corpo, mas também os prazeres da alma. Buscarmos uma vida hedônica sem nos esquecermos de uma vida eudaimônica. Mas o que nos traz essa vida significativa, com prazeres e com autorrealização?
Segundo a pesquisadora Dra. Sonya Lyubomirsky, "felicidade é uma experiência de alegria, contentamento e bem-estar positivo combinado à uma sensação de que a vida é boa, significativa e valiosa”. Com suas pesquisas, Dra. Lyubomirsky reforça o conceito de Aristóteles de que precisamos de uma vida com prazeres, mas também com significado. Nossa busca pela felicidade e pela felicidade nas empresas tem sido errada e por isso, temos indicadores bem desafiadores.
Temos, no Brasil, quase todos os piores índices do mundo em doenças mentais, como burnout, ansiedade e depressão. Banalizamos a ansiedade, o estresse e a falta de segurança psicológica, normalizando ambientes tóxicos e infelizes. Com a expansão do home-office e aumento das horas trabalhadas em nossa vida, há uma mistura de nossa vida profissional e pessoal e fica mais difícil sermos felizes sem que haja felicidade no trabalho.
Está na hora de refletirmos o que estamos fazendo para preenchermos nossos vazios existenciais, achando que encontraremos a felicidade externamente. Nós, como indivíduos, acreditamos que a felicidade acontecerá quando mudarmos para uma casa maior, um carro novo, formos promovidos ou casarmos. Quando tivermos mais e mais. E as empresas aumentam os bônus, benefícios, oferecem motivações externas, sem entender que a felicidade não é o que a pessoa recebe, mas como a pessoa se sente.
Precisamos trabalhar as relações e resultados. Precisamos que as pessoas percebam que seu trabalho tem um impacto positivo, inclusive na sociedade. Está na hora de olharmos de verdade para o significado de nossa vida e nosso trabalho. A sigla ESG, assim como a diversidade e valores claros, não podem ser marketing e sim realidade. E com essa nova visão, podemos construir um mundo mais feliz e significativo.
O mundo mudou, a pandemia deixou mais claro nossas fraquezas e medos, e trouxe visibilidade para temas antes adormecidos. A questão é, será que vamos aproveitar o momento para nos transformarmos como indivíduos e sociedade?
*Renata Rivetti é Diretora Reconnect | Happiness at Work.
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