Por Hugo Bethlem*
O Capitalismo Consciente é baseado em quatro pilares fundamentais: Propósito Maior, Interdependência dos Stakeholders, Cultura e Valores e uma Liderança Consciente, que garante a aplicação dos outros três pilares.
Mas qual tipo de Liderança? Quando Adam Smith escreveu, em 1776, a Riqueza das Nações, que deu origem ao Capitalismo Moderno, as únicas referências que os habitantes daquela época tinham, eram o exército, o clero e o feudo. Em qual se inspirar para criar e gerir um negócio? Por exclusão: o exército!
Ali, nasce a liderança militar, pela coerção. Maioria das empresas foram conduzidas por essa liderança até os anos 1960, depois vieram as mudanças na gestão pela liderança mercenária, pela “meritocracia pura a qualquer custo”, principalmente depois da celebre afirmação de Milton Friedman:
“A única responsabilidade social das empresas é maximização do lucro e o retorno financeiro aos acionistas”.
Talvez essa máxima tenha distorcido o Propósito das empresas por muitos anos, buscando apenas Líderes sedentos por bônus milionários, usando os recursos humanos e ambientais para atingirem apenas os seus objetivos egocêntricos e pessoais.
Nos anos 2000, provocados por uma nova geração de jovens que já nasceram imbuídos de Propósito e, que não aceitavam mais uma Liderança militar ou mercenária, surge ou ressurge o Líder Missionário, que lidera por inspiração – a Liderança Consciente.
O líder consciente não é, por sua vez, aquele que leva as pessoas nas costas e faz as coisas por ela. Mas sim, aquele que leva as pessoas no coração e mostra o caminho a ser seguido, orientando e corrigindo o rumo à medida da evolução da jornada em busca do Propósito da Empresa. Ele entende que o “Negócio” dos negócios são Pessoas, que devem ser cuidadas e não usadas. Compreende seu papel de líder servidor e, que o sucesso deve ser medido, pela forma como impacta a vida das pessoas.
Nas crises, como essa do coronavírus, o papel fundamental do líder é reduzir a ansiedade da equipe, dar o exemplo e, mostrar que “estamos juntos”, vamos “passar por essa juntos” e que vamos “sair juntos”. Porque sabe que nos tempos difíceis não são os números que vem em sua ajuda, mas sim as pessoas.
Liderar não é para todos, pois é uma escolha difícil, precisamos renunciar ao ego, pensar no bem-estar dos outros, em seus aprendizados e conquistas.
*Hugo Bethlem é Chairman e co-fundador do Instituto Capitalismo Consciente, tem mais de 40 anos de experiência como executivo no varejo. Se especializou em gestão, empreendedorismo e governança em instituições como FGV, Cornell, Babson, IMD, Oxford e Stanford.
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