Por Daniela Garcia*
Como diretora de operações, falei sobre Capitalismo Consciente com milhares de pessoas. Uma destas conversas me marcou para sempre e, acreditem, foi com uma garotinha de 6 anos: Sofia.
Esta conversa se passou na virada de ano de 2017 para 2018, quando me reuni com amigos e parentes para comemorar as realizações do ano anterior, torcendo para que o seguinte fosse ainda mais frutífero.
Foi nesta ocasião que constatei que o aprendizado é algo que vai muito além da idade e do desejo de conhecer algo novo. O aprendizado é algo que está em plena transformação. Aprendemos o tempo todo e de formas diferentes.
As crianças deste milênio são o exemplo vivo desta constatação. A velocidade de aprendizado é fantástica e pode nos oferecer uma visão de mundo muito mais ampla e rica do que qualquer outra geração com que tive contato.
Enquanto conversava com um amigo meu, pai de Sofia, sobre as últimas atividades do ano, comentei sobre o Instituto Capitalismo Consciente Brasil e as atividades que tivemos em 2017. Empolgada, o convidei a conhecer um pouco mais a fundo o movimento.
Entre uma frase e outra, Sofia senta no meio de nós e me pergunta: “O que é Capitalismo Consciente?” Confesso que parei e olhei atentamente para aquela garotinha na minha frente. O que ela poderia querer saber sobre isso? Como prestou atenção especificamente na expressão? Como eu poderia explicar para uma criança de 6 anos algo que os próprios adultos, empresários, nos questionam a todo momento?
Disse, olhando atentamente para ela e sentindo a curiosidade do pai em saber qual seria minha resposta:
– Sofia, você sabe o que são empresas?
– É o lugar onde meu pai trabalha. Vai um monte de gente trabalhar lá, mas é diferente da escola.
– Sim, isso mesmo. As empresas foram criadas por pessoas como seu pai. E dentro delas existem funcionários como seu pai. E estas empresas vendem seus produtos para pessoas como seu pai. Até aqui tudo bem?
– Tudo.
– Então, empresas que acreditam no Capitalismo Consciente são as empresas que tratam todos como pessoas importantes. Tratam com o mesmo cuidado o dono, os funcionários, os clientes e, mais do que isso, são empresas que cuidam do meio ambiente e ainda se preocupam com quem não pode comprar seus produtos. Empresas assim são gentis e sabem valorizar pessoas como seu pai. Falamos que elas são empresas conscientes.
– Ah... Entendi! Lá na escola, quando a gente faz uma atividade de grupo, a professora escolhe alguém para ser o primeiro da fila, mas essa pessoa tem que olhar se todos os amigos estão na fila, tem que organizar junto com ela os materiais da aula. Tem que ser chefe, mas tem que ser amigo. Tratar todos do mesmo jeito. Se ele não for assim, ele não pode mais ser o primeiro da fila de novo. Isso é Capitalismo Consciente?
– Isso é liderança consciente. Uma parte muito importante do Capitalismo Consciente. Quando temos uma pessoa desse jeito, cuidadosa, acima de nós na empresa, que se importa conosco e faz isso também com toda a equipe, ela é chamada de líder consciente. Ela é a líder de uma empresa consciente. Entende?
– Gostei. Vou avisar a professora que eu vou ser uma líder consciente da próxima vez.
E, sorridente, saiu da sala.
Eu olhei pro pai e ele ainda brincou comigo: “Boa! Queria ver você explicar o que são stakeholders e cultura organizacional!".
Só pude rir.
Estendi minha taça em direção à dele e fiz um brinde à nova geração: “Que mais líderes conscientes possam surgir!”.
*Daniela Garcia é jornalista de formação e publicitária por experiência, tem 27 anos de mercado, profissional especializada em estratégia de posicionamento de marcas na internet e relacionamento com consumidores. Articuladora de parcerias entre o mundo corporativo e o terceiro setor, entusiasta do empreendedorismo e dos negócios de impacto social. Foi diretora de relações institucionais da ONG Banco de Alimentos e atualmente é Diretora de Operações e Associações do ICCB – Instituto Capitalismo Consciente Brasil.
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