O que muda quando percebemos que somos todos UM...
por Luciana Barbosa Salomão*
Escrever nunca foi o meu forte, na verdade sempre acreditei que escrevia mal. Crença que, com certeza, me limitou em vários aspectos e momentos da minha vida...
Toda vez que me pediam para escrever algo saia pela tangente, desconversava e muitas vezes perdia a oportunidade de influenciar ou compartilhar uma história que poderia ajudar alguém.
A idade chega, os anos passam e com eles percebi que poderia ser diferente... A vontade de mudar o mundo, de transformar a sociedade em lugar melhor para se viver se tornou maior que o meu medo de escrever, de ser criticada, de não ser aceita.
Recentemente, fui instigada a escrever sobre ter cinco filhos no mundo de hoje, ser empresária, voluntária e tantos outros papeis. Parei para refletir e vi que talvez a minha história pudesse ajudar outras mulheres, não por ser perfeita, e sim por acreditar que falhei muitas vezes, pensei em desistir, desisti em alguns momentos, deixei cair alguns pratos nesta dança da vida, mas sempre na intenção de dar conta de tudo, o que muitas vezes não foi possível. O fato é que, ao longo do caminho, sempre procurei me perguntar o que era mais importante naquele momento do tempo. Quem estava precisando mais da minha presença, atenção e procurava colocar o meu foco ali, no ser humano.
Algo que considero ter feito toda a diferença na minha vida, foi conseguir me colocar no lugar do outro, procurar sentir o que ele estava sentindo e a partir deste lugar agir. Por essa razão, identifiquei-me tanto com o Capitalismo Consciente. Este movimento traz um novo olhar para o capitalismo, deixando clara a necessidade de vivermos de forma mais consciente e amorosa, uma vez que as nossas ações interferem diretamente na vida das pessoas ao nosso redor. Acredito, firmemente, que as empresas são o caminho mais rápido para a transformação da nossa sociedade, uma vez que elas detêm o poder econômico. Por isso urge que elas se tornem Empresas Conscientes, guiadas por um propósito maior, baseado em valores que dignifiquem a vida humana e do planeta.
O fato de ter vindo de uma família numerosa e ter escolhido ser mãe de cinco, com certeza apurou esse meu olhar, pois fez com que, ao longa da minha jornada, eu exercitasse o que é viver em comunidade. Dividir, contribuir, esperar, lutar por um espaço, buscar ser vista, procurar enxergar o outro, tudo isso sempre fez parte deste exercício. Hoje, vejo como essa experiência foi fundamental para perceber e entender que todos são importantes, que todos temos necessidades, que todos somos, em essência, iguais, que estamos relacionados, interligados e conectados. O que acontece comigo reflete na vida do outro de alguma forma, da mesma maneira que o que se passa com o outro impacta também a minha vida. Ao tomar consciência desse fenômeno, torna-se cada vez mais difícil ignorar o que acontece ao nosso redor... emerge uma necessidade crescente de compartilhar este olhar...na dor e no amor somos todos iguais. A dor do outro, mesmo que eu não queira, me afeta e é minha também, assim como suas alegrias e o seu amor.
Que tal olhar o mundo com se todos fossemos uma grande família? Como você trataria o seu funcionário se ele fosse seu filho? Como se relacionaria com o seu vizinho se ele fosse seu primo? Como você olharia para o morador de rua se fosse seu pai? Lembre-se que eles são filhos, primos e pais de alguém conectado a você em um contexto mais amplo. Mais do que nunca, precisamos resgatar a família que somos aqui neste planeta.
*Luciana Barbosa Salomão, 49 anos, é empresária, mãe de 5 filhos, ex-atleta de alto rendimento em natação e embaixadora do Capitalismo Consciente.
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